A cidade de Capão Bonito, fundada em 02 de abril de 1857, tem suas raízes profundamente ligadas ao ciclo do garimpo, que começou no Rio das Almas e foi responsável pela formação do primeiro povoado da região. Originalmente conhecida como Freguesia Velha, a localidade teve início por volta de 1746, atraída pelos minérios preciosos encontrados nos rios das Almas e Ribeirão do Chapéu, hoje em território do município de Ribeirão Grande, fundado em 1992. A descoberta de ouro nos leitos desses rios gerou um movimento migratório de pessoas de várias partes, buscando enriquecer com o garimpo.
A região onde a Freguesia Velha foi instalada, no sertão da Serra do Paranapiacaba, tinha uma posição geográfica desfavorável ao desenvolvimento, o que limitava as perspectivas de crescimento do povoado. Além disso, as condições de vida eram difíceis, com escassez de recursos e infraestrutura precária. Em consequência, a prosperidade do garimpo não durou muito tempo, e o local acabou sendo gradualmente abandonado por aqueles que se sentiram desiludidos com as dificuldades enfrentadas.
A Igreja Católica, que havia iniciado a evangelização da região, buscava também uma nova localização para suas pregações e missões. Foi assim que, com o apoio dos garimpeiros e outros moradores da região, formou-se uma nova povoação, às margens do Rio das Almas. Esse novo assentamento passou a atrair mais pessoas, em busca de novas oportunidades de vida e trabalho. O então padre Manoel Luiz Vergueiro, influente na região, sugeriu que o novo povoado fosse batizado como Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema, uma homenagem à padroeira da cidade. No entanto, a nova denominação não foi bem recebida pelos moradores, e Freguesia Velha continuou sendo o nome da localidade por mais algumas décadas.
À medida que o ouro se tornava mais escasso, a população da Freguesia Velha começou a se dispersar. No entanto, um grupo de moradores liderados pelo tenente-coronel José Ignácio Ferreira continuou a acreditar no potencial da região. Eles pressionaram por uma mudança, defendendo que o povoado fosse transferido para uma área mais promissora, com mais possibilidades de crescimento e prosperidade. Essa disputa durou vários anos, até que, em 1848, Pedro Xavier dos Passos, um fazendeiro que havia adquirido terras de figuras influentes da época como o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e a Marquesa de Santos, decidiu intervir.
Pedro Xavier, conhecido como “Sucuri”, comprou uma vasta extensão de terras e, como gesto de solidariedade, fez uma doação significativa à Igreja para a construção de uma nova igreja maior, capaz de atender aos garimpeiros e à população crescente. Essa doação e a localização favorável das terras deram início à construção do novo povoado, que foi batizado de Capão Bonito do Paranapanema, em homenagem à Fazenda Capão Bonito, nome dado à propriedade por conta de um capão de mato com formato de coração que existia na região.
Com o novo povoado tomando forma e a Igreja assumindo um papel central no novo assentamento, Capão Bonito começou a se consolidar como um centro populacional. Em 1857, o governo da Província de São Paulo, por meio da Lei Estadual nº 12, elevou oficialmente o povoado à categoria de município. A lei foi promulgada pelo governador da província, Conselheiro José Joaquim Fernandes Torres, e excluía o nome Paranapanema da denominação original, deixando a cidade com o nome de Capão Bonito.
O processo de fundação de Capão Bonito é atribuído ao padre Joaquim Manoel Alves Carneiro, que desempenhou um papel essencial na organização da nova localidade e na fundação do município. Desde sua fundação, Capão Bonito tem se caracterizado por sua forte ligação com a história do garimpo, a influência da Igreja Católica e o trabalho de pessoas que buscaram transformar a região em um novo polo de desenvolvimento. Hoje, Capão Bonito é uma cidade que carrega consigo séculos de história e cultura, com um legado que começou nas margens do Rio das Almas e se expandiu ao longo dos anos para se tornar o município próspero que conhecemos hoje.