AAPICAB e Fibria apresentam resultados do Projeto Colméias à prefeitura. Mel orgânico agrega valor e traz novas perspectivas para os apicultores locais
MEL EM EXPANSÃO – O mel é o produto alimentício mais natural – é produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores e plantas. Para os consumidores, é o néctar dos deuses e a cura para algumas doenças do foro respiratório.
Para os apicultores capão-bonitenses, virou o seu sustento e uma forma de vida.
Depois de ser conhecida principalmente na Europa por seu granito de tonalidade avermelhada, Capão Bonito quer se destacar pela produção de mel de alta qualidade.
No início deste ano a Associação de Apicultores de Capão Bonito (AAPICAB) obteve a certificação orgânica da produção 2011 do mel de eucalipto produzido dentro de áreas florestais da unidade da Fibria nos municípios de Capão Bonito, Itapeva e Itapetininga através do Projeto Colmeias.
Isso trouxe novas perspectivas para o setor, agregando valor e abrindo novos mercados tanto no país como fora dele.
O múltiplo uso de florestas de eucalipto vem funcionando bem e tem agregado inúmeros valores e contribuído para expandir a produção de mel em Capão Bonito.
Este ano Capão Bonito produziu cerca de 46.580 quilos de mel que hoje levam o selo IBD, garantindo a procedência e qualidade orgânica de um mel 100% natural e livre de resíduos, fruto do manejo realizado pelos apicultores e da certificação das florestas de eucalipto que agrega valor ao produto.
A AAPICAB e a Fibria apresentaram recentemente os resultados oficiais do projeto a prefeitura de Capão Bonito.
Segundo representantes da Fibria, o modelo de parceria existente em Capão Bonito vem sendo referência para outras áreas no país.
“Os resultados do Projeto Colmeias têm sido muito positivos, gerando indicadores econômicos importantes principalmente com a certificação de mel orgânico”, destacou o tecnólogo em silvicultura da Fibria Israel Gabriel.
Outra boa notícia dada por Israel Gabriel, foi o fato da Fibria estar contratando uma consultoria do Uruguai que fez um elogiado trabalho no Rio Grande do Sul para atuar em Capão Bonito.
“O Uruguai tem umas das melhores tecnologias de produção de mel do mundo e é importante esse apoio técnico para melhorar ainda mais os resultados”, enfatizou o tecnólogo da Fibria.
Conforme planilhas apresentadas pelo presidente da AAPICAB, Carmo Henrique Contieri, a produção tem aumentando ano a ano e número de sócios também – de 39 entre 2006 e 2007 para 52 em 20011.
“Antes a apicultura era uma atividade alternativa de renda. Hoje o apicultor consegue viver de sua produção, que tem muita qualidade”, destacou Carmo Henrique.
O objetivo da reunião realizada no começo deste mês foi ter a parceria da prefeitura para viabilizar o projeto de uma Central de Envasamento em Capão Bonito e contratação de um técnico para dar respaldo técnico.
“Temos produzido muito mel, mas ele tem sido contabilizado para outras cidades, principalmente Sorocaba. Queremos que a produção agregue valor e gere empregos aqui na nossa cidade”, destacou Carmo Contieri.
“Estamos produzindo naturalmente o mel orgânico, ecológico e a genética da abelha que nós utilizamos influi muito nisso. Nossas abelhas são rústicas, africanizadas, dispensam o uso de antibióticos, de acaricidas (pesticidas utilizados no extermínio de ácaros) e outros contaminantes que afetam a qualidade do mel com a presença de resíduos. Então, no Brasil não existe esse tipo de prática. Capão Bonito e o Brasil tem uma situação única no mundo, que é produzir mel sem o uso de medicamentos e o mundo todo quer saber que abelhas são essas, que apicultores são esses, o que eles fazem. Precisamos aproveitar este momento”, destacaram representantes do poder Executivo.
Apiários auditados – Para receber a certificação que garante a legitimidade do produto como orgânico, o apicultor de Capão Bonito deve atender a uma série de exigências.
Todo o apiário é auditado, ou seja, desde o local onde as abelhas coletam o pólen (podendo ser a vegetação nativa ou uma cultura implantada, como no caso o eucalipto), até o processamento, envase e armazenamento do produto.
A partir de então, o produtor poderá comercializar o mel ou outros produtos (geleia real, cera, pólen, própolis, etc) com o selo de orgânico.
Atualmente, Capão Bonito é um dos maiores produtores de mel de eucalipto do Estado de São Paulo e por meio da certificação orgânica o produto apícola está apto para ser exportado, principalmente ao mercado norte-americano.
Outro fato que deverá agregar valor ao mel produzido em Capão Bonito é a questão da rastreabilidade, seguindo exemplo do Rio Grande do Sul e que já está sendo trabalhada.
Sobre o Projeto
Em janeiro de 2010, a Unidade Florestal da Fibria, de Capão Bonito, entregou as chaves simbólicas da Fazenda Paineira à Associação de Apicultores da região.
A partir de então, os apicultores que integram o Projeto Colmeias passaram a contar com um espaço de 1,24 hectare para a sede da Associação.
O Projeto Colmeias é resultado de uma parceria sustentável nas comunidades de entorno das florestas plantadas, e os números são bastante satisfatórios, ressaltando a evolução do número de apicultores envolvidos e de produção do mel.