Paixão que vira negócio: setor de beleza no Sudoeste Paulista cresce impulsionado por vocação e autonomia

Pesquisa do Sebrae-SP revela que quase 70% dos profissionais do setor abriram o próprio negócio sem ter o ganho financeiro como principal motivador

EMPREENDEDORISMO | Mais do que o lucro, o que impulsiona os empreendedores do setor de beleza e estética a montarem o próprio negócio é a paixão pelo que fazem, a vocação e o desejo de autonomia. A conclusão é da pesquisa do Sebrae-SP denominada “Profissionais de beleza e estética”.

Segundo o estudo, 26% começaram a empreender pelo desejo de transformar uma ideia ou paixão em algo tangível, enquanto outros 22% apontaram a oportunidade de negócio e 20% atribuíram a iniciativa à busca por autonomia. Apenas 18% alegaram que a motivação principal foi a necessidade de obter renda.

Em média, o profissional do segmento investiu R$ 4.905,68 para montar o negócio. Antes de empreender, 54% tinham emprego com registro em carteira de trabalho.

Além da prestação de serviços, uma parcela grande desses estabelecimentos vende produtos (76%) e, entre estes, 78% calculam que 26% do faturamento vem desse comércio.

O levantamento também mostra que existem 304,2 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) em atividade no setor no Estado de São Paulo, sendo que 219.890 (72%) atuam como cabeleireiro, manicure e pedicure e 84.395 (28%) trabalham com estética e outros serviços de cuidados com a beleza.

A pesquisa aponta que 42% dos estabelecimentos têm entre um e três anos de atuação, o que indica uma predominância de empreendimentos mais recentes.

Em relação ao local de atuação, salas e prédios comerciais abrigam 28% desses negócios; 27% estão instalados em lojas de rua, enquanto 23% funcionam na própria casa de quem empreende.

De acordo com dados extraídos do Portal do Empreendedor, no dia 15 de novembro, o Sudoeste Paulista, que abrange os municípios de Apiaí, Barão de Antonina, Barra do Chapéu, Bom Sucesso de Itararé, Buri, Campina do Monte Alegre, Capão Bonito, Coronel Macedo, Guapiara, Itaberá, Itaóca, Itapeva, Itapirapuã Paulista, Itaporanga, Itararé, Nova Campina, Ribeira, Ribeirão Branco, Ribeirão Grande, Riversul e Taquarivaí, conta com um total de 2064 MEIs no setor.

O ranking é liderado por Itapeva com 589 Microempreendedores Individuais, seguido por Itararé 365, Capão Bonito com 315, Apiaí com 148 e Buri com 96.

Relação com a clientela – Atendimento de qualidade e relacionamento com o cliente são considerados os fatores mais importantes para o sucesso, resposta dada por 54% dos entrevistados, o que coloca em evidência a valorização do serviço personalizado.

Em relação à estratégia para atrair o público, a divulgação nas redes sociais lidera, sendo usada por 87% de quem comanda o estabelecimento. O Instagram é a plataforma mais usada, citada por 79% dos negócios, seguida do Facebook (53%) e do TikTok (35%).

Promoções e descontos são usados por 59% para atrair clientes, e o boca a boca é o recurso de 50% deles.

A pesquisa revela ainda que 58% dos entrevistados têm interesse em aprender mais sobre marketing digital, gestão financeira (48%) e inovação e tendências (44%).

“O levantamento indica um movimento de profissionalização crescente. O empreendedor da beleza busca autonomia e realização pessoal, mas também entende que precisa se atualizar constantemente para se manter competitivo”, explica o consultor do Sebrae-SP Pedro João Gonçalves.

A história de Juliana Brito: paixão que virou profissão

A trajetória da cabeleireira Juliana Brito, de 29 anos, ilustra bem o cenário apontado pela pesquisa do Sebrae-SP. MEI desde 2021 em Capão Bonito, ela decidiu empreender na área da beleza movida principalmente pela paixão e pela dificuldade de encontrar um emprego formal naquele período.

“Eu sempre gostei da área da beleza. Como estava difícil arrumar emprego, aproveitei o dinheiro do acerto da loja onde eu trabalhava no comércio e investi no curso de cabeleireira. Foi ali que me apaixonei ainda mais pela profissão”, conta Juliana, que hoje também cursa faculdade de Estética.

Em seu espaço ela oferece alisamento, corte e hidratação, sempre com foco no atendimento individualizado. “Meu diferencial é atender uma cliente por vez, com serviços totalmente personalizados para cada necessidade”, destaca.

Juliana reforça que a busca por qualificação fez parte fundamental da sua evolução como empreendedora. Pelo Sebrae-SP, ela já participou de cursos presenciais como o Empretec, curso técnico de unhas artísticas, marketing e autoconhecimento, além de diversos cursos online oferecidos pela instituição.

“Essas capacitações ajudaram muito na gestão e na visão de negócio. Empreender não é só fazer o que a gente ama, mas também se preparar para crescer”, afirma.

A pesquisa – As entrevistas foram feitas entre 31 de maio e 8 de junho de 2025 com 800 proprietários e proprietárias registrados como MEI, pertencentes aos segmentos de cabeleireiros, manicure e pedicure, atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza.

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