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Domingo de cor, cultura e reflexão na Vila Aparecida

Casal mobiliza mais de 70 grafiteiros e promove festival com 150 crianças na Vila Aparecida, o maior bairro de Capão Bonito

Por Wagner D’Antonio

ARTE QUE TRANSFORMA | O grafite é uma manifestação social e cultural potente, que carrega força, representatividade e a história de uma cultura.

Ele quebrou o estigma de arte marginal e passa cada vez mais a ocupar espaços públicos nas cidades e galerias de arte pelo mundo, abrindo as portas para debates sociais, desenvolvimento cultural e social urbano.

Enquanto muitos aguardam que ações culturais partam exclusivamente do poder público, um casal da Vila Aparecida mostrou na prática que a transformação social também pode nascer da iniciativa popular, da coragem de quem acredita na arte como ferramenta de mudança.

No último domingo (25/05), Deivid Soares Duarte – o “Feijão” – e Heloise Dias – a “Aila” – protagonizaram um verdadeiro ato de resistência cultural: o Festival de Grafite que tomou conta da rua Pedro Gonçalves de Almeida.

O evento reuniu mais de 70 grafiteiros de diversas cidades da região e atraiu 150 crianças do bairro, num dia marcado por cores vibrantes, mensagens de conscientização ambiental e social, e um cenário urbano completamente transformado.

O longo muro que cerca a Estação de Tratamento de Esgoto se tornou uma galeria a céu aberto, pulsando vida, expressão e inclusão.

A iniciativa do casal foi realizada com R$ 1.500 em patrocínio local e um investimento pessoal superior a R$ 5 mil. “Somos muito gratos aos comerciantes que acreditam na nossa proposta. Vendemos até máquina de lavar e bicicleta para fazer acontecer. Valeu cada centavo”, relatou o casal, que ainda distribuiu lanches, sorteou brindes e promoveu um intercâmbio cultural raro em bairros populares.

A mobilização de artistas de Capão Bonito, Araçoiaba da Serra, Cotia, Sorocaba, Itu, Itapetininga e Guapiara reforça que a arte de rua já superou há muito o rótulo de vandalismo, assumindo seu papel como forma legítima de ocupação criativa do espaço público.

A homenagem ao grafiteiro “Aritana”, falecido recentemente, também teve um espaço especial, revelando o forte elo comunitário entre os artistas do grafite – elo que passa despercebido por quem ainda vê o spray como um símbolo de rebeldia vazia, e não de resistência e pertencimento.

O vereador Clayton Sassá, que representa a Vila Aparecida, se comprometeu a apresentar uma moção de aplausos ao casal e defendeu a multiplicação de ações como essa.

Já o prefeito Júlio Fernando elogiou a iniciativa e garantiu que a rua receberá recapeamento total – o que deve dar ainda mais visibilidade à nova “galeria urbana” da cidade.

Enquanto muitas cidades ainda engatinham em políticas culturais estruturadas para a periferia, Feijão e Aila mostram que com arte, garra e solidariedade, é possível mais do que colorir muros: é possível ressignificar realidades.

O sonho do casal é abrir oficinas permanentes de grafite e arte urbana na Vila Aparecida. Afinal, como eles próprios afirmam: “Existem grandes talentos aqui que só precisam de um start.”

 

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