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Exposição digital permanente

Este espaço foi criado com o objetivo de preservarmos a história de desenvolvimento de nossa querida cidade!

Capão Bonito, 168 anos de história

O povoado que marcou presença no fluxo do tropeirismo e nas últimas ondas da exploração de ouro, se constituindo como cidade em 1.857, adquirindo autonomia política e administrativa.

As principais lideranças da época da fundação da cidade, entre eles o padre Manuel Alves Carneiro e o Coronel José Ignacio Ferreira, articularam a transição da vila de Freguesia Velha para o novo local.

Nascia então a epopeia chamada Capão Bonito do Paranapanema!

Nas palavras do prof. Juraci Chagas “os gameleiros se fixaram nas fraldas do sertão. Faziam agricultura de sobrevivência, cuidavam de pequenos animais em pequenas propriedades. Os tropeiros trouxeram a cultura do cavalo, do boi, das propriedades maiores e dos muares como meio de transporte. Foi aí que começaram aparecer as fazendas. Com o passar do tempo, essas duas culturas foram se aproximando e se misturando. Os gameleiros saindo do isolamento, se aproximando da estrada real, que já era um trajeto economicamente consolidado. Depois dessa fusão tropeira/gameleira, vieram os italianos e mais tarde os japoneses e outros.”

Parabéns Capão Bonito pelos seus 168 anos! E para comemorar, compartilhamos algumas imagens históricas:

01 - Série histórica. 1ª Igreja Matriz de Nossa Sra. da Conceição de Capão Bonito do Paranapanema, final século XIX, início séc. XX. Acervo Profa. Dra. Alice Olivati. Note-se que a primeira Igreja tinha duas torres.

01  – Série histórica. 1ª Igreja Matriz de Nossa Sra. da Conceição de Capão Bonito do Paranapanema, final século XIX, início séc. XX. Acervo Profa. Dra. Alice Olivati. Note-se que a primeira Igreja tinha duas torres.

02 – Série histórica. Ciclo da Banha de Porco. Fotografia Fabrica de Banha “A Paulista”, Capão Bonito do Paranapanema, vista geral, entre 1904 e 1906. De propriedade de Francisco Matarazzo. Coleção Secretaria da Agricultura Comércio e Obras Públicas, do Álbum F. Matarazzo & Cia Industriaes, idealizado pelo grupo F. Matarazzo & Cia e produzido pelo fotógrafo Orestes Cilento, entre os anos de 1904 e 1906.

Francisco Matarazzo: as tropeadas de porcos e o ciclo da banha em Capão Bonito do Paranapanema

A produção de banha derretida de porco, cujo registro histórico se perdeu nas brumas do tempo, mas constituiu importante atividade econômica no município de Capão Bonito do Paranapanema e região no final do século XIX e início do século XX. Chamado “tropeirismo de porcos” cuja criação era feita por pequenos criadores em meio aos campos e matas, se aproveitando da fartura de frutos silvestres, como o pinhão da araucária, que engordava os animais para produção de carne e a banha de porco (outro produto muito valorizado à época), servia tanto para o preparo quanto a conservação de alimentos, que enlatada era consumida em São Paulo e Rio de Janeiro, via ferrovias.

A economia da banha de porco teve como expoente, entre os criadores da região, o comerciante italiano Francisco Matarazzo que entre 1881-1882 se estabeleceu no município de Sorocaba/SP com uma fabriqueta de banha, à época um importante centro de economia tropeira e ramal terminal da Estrada de Ferro Sorocabana (E.F.S.), seguida por outras duas fábricas, uma em Capão Bonito do Paranapanema e outra em Apiaí (VICHNEWSKI, 2010).

Sobre a existência da fábrica de banha em Capão Bonito do Paranapanema consta na série “Almanach da Província de São Paulo”, de 1.888, descrito por Jorge Seckler & Comp, na localidade denominada Paranapanema – Villa, consta a “fabricantes de Banha derretida”, de propriedade do Sr. Francisco Matarazzo. A respeito da fábrica de Banha em Capão Bonito, chamada de Fábrica de Banha “A Paulista”, Vichnewski (2010) faz um breve relato das condições gerais de suas instalações no município: 

Ocupa uma área de 25.000 mq. Dos quais 4.000 com edificações. Os porcos destinados a fabrico de banha são conservados num vasto campo, onde são cuidados com a máxima limpeza e hygiene. Em edificio separado são abatidos e depois collocados em trez grandes caldeiras da capacidade de 2.000 litros de gordura. A banha destas caldeiras, é transvasada em depósitos e acondicionadas em latas de diversos tamanhos. A carne dos porcos é salgada na mesma fábrica e exportada para o Rio. (VICHNEWSKI, 2010).

Francisco Matarazzo teve atuação comercial muito abrangente chegando a criar e a negociar animais em Capão Bonito e Apiaí, onde a criação mantinha o mesmo sistema de criação da região sul do Brasil, sendo alimentados com milho, mandioca e pinhão em grandes piquetes, prática de engorda comum desde o Paraná até o Rio Grande do Sul.

Atividade influenciada no município pela imigração de muitos “sulistas” que fincaram raízes durante o ciclo tropeiro conduzindo animais no percurso entre Viamão/RS até Sorocaba/SP e criavam porcos soltos para a produção de carne e banha, prática de criação ainda hoje comum entre os pequenos sitiantes do município.

Segundo Silva (2006): “Os animais por serem criados soltos nos campos e matas, não adquiriam muito peso, o que favorecia as caminhadas a longas distâncias pelos tortuosos caminhos.” Na região de Capão Bonito ocorria o mesmo processo: após a engorda nos piquetes em meio aos campos e matas, chegará a hora da chamada tropeada de porcos.

O termo “Tropeada de porcos” era quando os animais estavam prontos para serem comercializados no período de safra, os animais formavam “tropas” com centenas de animais que percorriam caminhos e picadas em meio ao sertão, margeando rios e morros até o matadouro onde eram então pesados e vendidos a quilo até irem para o abate e convertidos em banha e carne.

03 – Série histórica. Máquina de beneficiar algodão São José. Acervo Commissão Geographica e Geologica, CGG, 1927. O edifício cuja construção data de 1916 foi empreendido pelos senhores Cap. Justiniano Soares de Andrade e Estevão Dante (Firma Andrade & Dante), em apenas 03 meses para o beneficiamento de algodão e outras pequenas indústrias. Sobre a sua organização: Segundo reportagem na inauguração, entre os convidados, constam membros do Diretório Republicano, vereadores, o diretor Prof. Miguel de Arruda e professores do Grupo Escolar, comerciantes e multidão que ocuparam todo o edifício. O benzimento foi feito pelo Pe. Humberto dos Santos (Vigário da paroquia). A cerimônia foi abrilhantada pela Corporação Musical “7 de setembro”, sob a batuta do Maestro Bianchi que executou escolhidas peças de seu vasto repertório. Todas as máquinas funcionam a eletricidade, beneficiando 500 arrobas de algodão por dia. A montagem do conjunto foi feita pelo eletricista Sr. Braz Margarido sob a supervisão do Sr. Estevão Dante. Nota: Posteriormente, na década de 20, o edifício e máquinas foram adquiridos pelo Sr. Nagib Ozi e na década de 30 vendido a família Galvão (Fonte: Jornal O IMPARCIAL, Capão Bonito do Paranapanema, ano de 1916).       

04 – Série histórica. Ciclo Madeira-lenha. Aspecto da atividade madeireira Serraria dos Americanos, Bº Serrado, Capão Bonito, 1927. Acervo Commissão Geographica e Geológica do Estado de São Paulo. Infere-se da foto uma vasta floresta de araucária, o que marcava a paisagem.

05 – Série histórica. tropas ditatoriais tomam Capão Bonito, 1932. Acervo Claro Janson.

Durante a triste guerra civil, os constitucionalistas ocuparam Capão Bonito entre o mês de julho até de agosto de 1.932.

Em 02 de setembro de 1932 as tropas getulistas, que já tinham tomado Buri e Guapiara, tomam a cidade de Capão Bonito, como mostra a foto. No dia da ocupação o prefeito João Venturelli, por ordens superiores, foi orientado a deixar a cidade para evitar qualquer incidente, já que era simpatizante dos constitucionalistas.

06 – Série Arquitetura Urbana. Prédio da Ação Católica e Cine São Luiz

Com suas arcadas, anos 50. Acervo Sr. Joubert Galvão. Segundo Verônica Volpato (2024), em sua obra sobre o Patrimônio arquitetônico municipal, da conclusão da construção do prédio, na segunda metade da década de 1950, a Ação Católica era o segundo mais alto do município, perdendo apenas para a Igreja Matriz da Nossa Senhora da Conceição. Segundo a pesquisa, o prédio foi idealizado pelo Cônego Luiz de Almeida Morais, pároco entre os anos de 1947 e 1957, e construído pelas mãos da antiga Congregação Mariana. Na ideia inicial para o edifício, estariam localizados no primeiro pavimento os escritórios, função que permanece até hoje; porém, antes mesmo do fim da obra, destinou-se um espaço do térreo para o “Cine Beneficente São Luiz”. Para a pesquisadora, o cinema foi um importante ponto de encontro e convivência social, além de ter sido uma rica fonte de renda para os projetos da igreja. O segundo pavimento continha salas para reuniões e cursos, como a catequese, que também é mantida até hoje. E o último pavimento teria a função de albergue para as famílias da zona rural que viessem à cidade na ocasião das festividades religiosas, embora não haja relatos de que o espaço tenha cumprido essa função. O Cine São Luiz foi idealizado pelo Sr. Alfredo Duarte, o Didico. (Texto condensado da obra “Levantamento do Patrimônio Arquitetônico de Capão Bonito”, livro eletrônico, vol.1, Verônica Volpato, Capão Bonito/SP, 2024).

07 – Série histórica. Ciclo tropeiro. Casa do Cel. Candido Severiano Maia, o Candóca. Tropeiro, capitalista e proprietário da “Fazenda Santa Ignez”, propriedade ligada a formação territorial e histórica de Capão Bonito, anteriormente chamada de “Fazenda Capão Bonito”, de propriedade do Cel. Frederico Martins de Araújo, capitalista e também ligado a criação de gado e queijo. Por sua propriedade estar no chamado “trajeto das tropas”, entre Viamão/RS e a feira de muares de Sorocaba/SP, terras localizadas nos chamados campos-cerrados em meio a capões de araucárias com sub-bosque biodiverso. Foram utilizadas na criação, circulação e nas chamadas “estações de invernadas” que serviam para o descanso, engorda e a regulação do fluxo de gado – aguardavam o momento certo de venda dos animais, conforme a demanda do mercado. A fazenda produzia algodão, grãos, gado e uma fábrica de fósforos confeccionados com a madeira da araucária extraída da região.

08 – Série Arquitetura Urbana. Trabalhadores nas obras da construção do prédio da Escola Raul Venturelli. Acervo Sra. Neia Filha e do Sr. Eduardo, colaborador e jardineiro da Escola Raul Venturelli.

09 – Engraxates em Capão Bonito, início dos anos 70. Acervo familiar.

10 – 1962: Foto emblemática do Coreto Livre da Praça. Dois anos depois, instaurava-se o sanguinário Golpe Militar de 64, extinguindo os coretos da liberdade do país. O Coreto era o lugar livre para poesias e namoros, Fotografias e bate papo, Passar o tempo, fumar um cigarro… Senta-lo e respirar o ar numa bela manhã ensolarada, ouvindo as maritacas da mata ou os galos dos quintais, Sentir o ar frio de uma tarde de inverno, colher o chapéu de palha, arrumar a blusa, ajeitar a saia…Também era o lugar do palanque dos políticos.

Nesta foto, de julho/agosto de 1962, o prefeito Raul Venturelli recebe o candidato a governador, J. Bonifácio e o governador Carvalho Pinto. Foi a última eleição livre no Brasil. Eis que dois anos depois, houve o Golpe Militar de 1964, acabando as eleições livres do país.

Foram 20 longos anos para a restauração democrática e a promulgação de uma nova Constituição Federal

11- Antigo Forum, atual Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte. Fonte: arquivo familiar de Rogério Machado. 

Essa era a antiga Praça do Cruzeiro de baixo. O prefeito Faustino começou a construção do Fórum em 1.957. Dr. Raul Venturelli terminou.

12 – Na foto acima, datada de 25 de agosto de 1936, do acervo digital do Museu de Imigração do Estado de São Paulo, vemos adultos e crianças convivendo calmamente no centro de Capão Bonito. Pelas sombras dos prédios, é possível inferir que o relógio da Igreja Matriz indica um horário depois do meio dia. Ao lado direito, uma hospedaria. No cruzamento da rua, uma bomba de combustível instalada para abastecimento de veículos. Atualmente é a esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua 24 de Fevereiro.