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Alunos da escola Oscar Kurtz Camargo visitam Quilombo

Por Wagner D´Antonio

INTERCÂMBIO CULTURAL | Na última terça-feira, 25/10, alunos dos 8° anos, acompanhados das professora Edicleia Fabri e Itamara Camargo fizeram uma viagem cultural para o Quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora, na região metropolitana de Sorocaba.

Foi um momento de vivências e imersão em uma comunidade tradicional.

“Com certeza nossos alunos aprenderam muito. Gratidão aos líderes comunitários que nos receberam muito bem!”, destacaram as professoras.

Quilombo Cafundó – O Quilombo de Salto de Pirapora é um lugar que carrega na etimologia da palavra o significado de algo muito distante.

O nome “Cafundó” é conhecido entre algumas expressões populares e “brincadeiras” como uma referência a um local no “fim do mundo”. No entanto, o quilombo chamado de Cafundó está apenas a 30 quilômetros de Sorocaba.

Essa comunidade fica um pouco afastada do Centro de Salto de Pirapora, onde vivem cerca de 35 famílias que mantém as tradições africanas de um povo que foi escravizado. A história e cultura que resistiram ao tempo são passadas entre as gerações por meio da oralidade e pesquisas acadêmicas.

Uma estrada de terra inclinada dá acesso às casas e à capela da comunidade. Nela, é possível reconhecer imagens de santos conhecidos como São Benedito e Nossa Senhora de Aparecida.

Quem geralmente recebe os visitantes na entrada do quilombo é a Cíntia Delgado, de 35 anos, que coordena o Turi Vimba (cuja tradução para o português é “Terra de Negro”).

Ela faz uma breve introdução dos costumes e espaços que carregam significados sagrados para os moradores.

O dialeto próprio da comunidade que é chamado de cupópia. Essa língua não existe em nenhum outro lugar e é considerada crioula, por ter surgido no local.

História da comunidade – O Quilombo começou com a união de duas famílias: os Pires Pedroso e os Almeida Caetano.

“Eram duas irmãs escravas, vó Antônia e vó Ifigênia. Na libertação dos escravos, Antônia já vem com dois filhos de seu patrão. Uma característica que vocês vão perceber é que existem quilombolas, hoje, de tons de pele bem mais claros, que já vem com essa miscigenação desde a época de fazenda”, destacam os moradores.

João de Camargo, uma figura religiosa importante, era do Quilombo Caxambu, que ficava em Sarapuí. Em 1878, o dono de uma propriedade rural morreu sem deixar descendentes e esse local foi herdado por escravos. Momento em que se formou o Cafundó.

“A história do Quilombo do Cafundó ela se confunde com a história do Quilombo do Caxambu. Eram fazendas vizinhas e os escravos de lá tinham contato direto com os escravos de cá”, informaram.

Em 1970, outra figura importante do Cafundó, seo Otávio Caetano, entra com uma ação de usucapião para conseguir o direito pela propriedade.

Ele entrou com esse processo e foi o que manteve as famílias até 2003 e aí começaram a surgir leis de reintegração de posse, de direito dos quilombolas, indígenas, dos assentados.

Tradições e religião – A Capela da Santa Cruz é a construção mais antiga da comunidade. Ela já teve as paredes e o telhado reformados, mas a posição dela e do altar sempre foi no mesmo local.

Conforme contam os moradores, a capela foi construída pelo fazendeiro que era dono do local para a catequização dos escravos. “Dentro da capela dá para a gente perceber toda essa mistura que tem do catolicismo com as religiões de matriz africana”, destacam.

Todo ano é realizada a Festa da Santa Cruz no dia 31 de maio. A tradição é mantida na comunidade desde a época da abolição.

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