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Exposição em Capão Bonito celebra os 85 anos da Revolução de 1932

SEMANA DA REVOLUÇÃO – Para resgatar uma das mais importantes datas históricas do Estado de São Paulo – o 9 de Julho, Capão Bonito organizou uma exposição especial com objetos da Revolução Constitucionalista de 32.

Foram expostos uma série de objetos e artefatos colecionados ao longo dos últimos anos pelo capitão da Polícia Militar de Capão Bonito – Wagner de Oliveira.

O evento acontece no Centro Educacional, Cultural e Esportivo “Paulo Freire (antigo CBC), até esta sexta-feira, 7 de julho, e com encerramento no dia 9 de julho com a 1ª Corrida Pedestre 9 de julho.

Muitas pessoas estiveram durante a semana visitando a exposição que foi um sucesso.

A Revolução – O início da Revolução de 1932 — faz oitenta e cinco anos neste domingo 9 de julho. O passar dos anos não atenuou a controvérsia que a cerca, a começar pelos múltiplos nomes que lhe atribuem.

Foi batizada de “constitucionalista” por seus promotores, e constitucionalista continua para quem a enxerga como insurreição de pura índole democrática e legalista, contra o regime de exceção em vigor desde a derrubada do presidente Washington Luís, em outubro de 1930.

“Contrarrevolução” é como a chamaram os homens de Vargas, sugerindo que se tratava de uma reação da oligarquia paulista à Revolução (esta, sim, “revolução” de verdade) de 1930.

“Guerra Paulista” foi como a chamou o historiador Hélio Silva, autor da série de livros intitulada “O Ciclo de Vargas”, dando ênfase ao caráter solitário da insurreição de São Paulo. Uma variante é “Revolução Paulista”. Mas, se São Paulo militarmente ficou só, a insatisfação com o regime permeava outros estados, e dobrava-se numa cisão entre os militares.

O caráter nacional do desconforto contra o regime reflete-se no título de um dos melhores livros sobre o episódio, “1932 — A Guerra Civil Brasileira”, do brasilianista Stanley Hilton.

A “guerra” desenvolveu-se em três frentes principais e uma secundária. As principais foram a do Vale do Paraíba, junto à divisa com o Rio de Janeiro, a da Mantiqueira, junto à divisa com Minas, e a do Sul, junto à divisa com o Paraná. Os paulistas jogaram na retranca nas três. A secundária se desenvolveu junto à divisa com Mato Grosso, e tinha o objetivo de, via Paraguai e Rio da Prata, tentar contato com o mundo exterior, em busca de reforços em armas e munições, já que os portos paulistas foram desde logo bloqueados pela Marinha.

Aos cálculos equivocados dos comandantes somou-se o despreparo das tropas, e os paulistas acumularam derrotas desde os primeiros dias.

Multiplicavam-se as debandadas, diante do avanço do inimigo. Contra esse panorama, os federais contavam não só com a maior parte do Exército, mas com a polícia militar de diversos estados.

É até surpreendente, dada a disparidade de forças, que a guerra tenha durado os 85 dias que durou. Em 2 de outubro, o comandante da Força Pública Paulista, Herculano de Carvalho e Silva, assinou o armistício, em nome dos insurretos. Não existe cálculo confiável de mortos no conflito. Entre os paulistas, seriam de 600 a 800. As cidades paulistas mais atingidas foram as do Vale do Paraíba e as que confrontam com o Paraná, no Sul. Nos dias finais da guerra, Campinas sofreu um bombardeio aéreo em que morreu um menino e algumas pessoas ficaram feridas. São Paulo não conheceu senão dois bombardeios aéreos contra o Campo de Marte.

Em carta a Getúlio, de 18 de julho, o general Góis Monteiro, comandante das forças federais no Vale do Paraíba, apontou o erro dos rebeldes: “O meio mais racional de o inimigo liquidar a questão seria tomar resolutamente a ofensiva, no prazo mais curto”. Em depoimento posterior, o mesmo Góis Monteiro diria que, se as forças rebeldes tivessem avançado no rumo do Rio de Janeiro, poderiam “atingir pelo menos a Vila Militar, em Deodoro, o que seria um passo decisivo para ganhar a partida, não só porque essa investida iria causar pânico e confusão naquele instante crítico, mas ainda porque poderiam contar com a adesão de muitos elementos tacitamente comprometidos e, sobretudo, com a simpatia do povo”. A avaliação diz menos da situação militar do que do estado de espírito do país; Góis Monteiro deixa entrever um regime atravessando uma fase de cai não cai. Uma ação vigorosa, que chegasse ao subúrbio do Rio, onde ficava a Vila Militar, teria a seu ver provocado uma onda de adesões.

Em Capão Bonito e outras cidades da região como Buri, Guapiara e Itapeva a Revolução deixou inúmeros vestígios e a exposição em Capão Bonito foi reflexo deste incrível trabalho de ‘garimpagem da história’ feito pelo capitão Wagner de Oliveira.

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